A sensação de insegurança é tão grande em Mineiros e em todo o Brasil, que vários cidadãos estão assumindo para si a responsabilidade estatal de aplicar a Justiça. Se utilizado das próprias mãos, populares têm linchado em praça pública pessoas acusadas de crimes. Em nossa cidade já foram registrados dois casos similares nos últimos dias. O primeiro no Setor Mineirinho (clique aqui e relembre) e o segundo no Setor Manoel Abrão (clique e relembre).

Sobre a ‘justiça popular’, a equipe de jornalismo da Rádio Eldorado procurou apurar a opinião daqueles que lidam diariamente com a defesa da sociedade e com a aplicabilidade das leis. Entrevistamos com exclusividade o 3º promotor de Justiça de Mineiros, Henrique Golin, da área criminal.

Golin destacou que o Ministério Público compreende a situação que tem levado a população a fazer justiça por conta própria, mas condena completamente, por conta do grande risco que há de injustiças serem cometidas por cidadãos de bem.

"Primeiro é preciso registrar que o Ministério Público compreende a revolta da população com a situação de abandono que nós estamos vivendo no Brasil, especialmente em Goiás, por conta da questão da Segurança Pública: o sucateamento das polícias, o sucateamento do sistema prisional (a cadeia caindo aos pedaços, a falta de pessoal, a falta de estrutura), a grande quantidade de crimes que não são solucionados porque não há policiais suficientes (pois ficamos muito tempo sem investigadores na cidade...). Então, é compreensível que as pessoas se revoltem, que as pessoas queiram uma cidade mais tranquila, que as pessoas não aceitem que nossa cidade (que até ontem era pacata) esteja se tornando um ‘Velho Oeste’...", disse o promotor.

"...Mas é preciso lembrar as pessoas, que quando a população transforma essa revolta em violência, em ‘justiçamento’, elas não estão contribuindo para a melhora do quadro. Historicamente, nós já vivemos em uma sociedade onde a justiça era feita pelas próprias mãos da população. Na verdade, nós evoluímos desse patamar pelo grande risco de injustiça que se pode acontecer", pondera Golin.

Ouça abaixo a entrevista completa: